“Se não dizes não, o teu sim não vale nada”.
Num destes últimos dias de chuva torrencial em que o trânsito em Lisboa emperra e atravessar a cidade é uma tarefa hercúlea, decidi ligar o rádio da viatura. Conversava a Rita Ferro com umas outras senhoras acerca do saber dizer não aos outros.
Não se que programa era e nem reparei que rádio estava sintonizada. Simplesmente ouvi.
A frase acima escrita foi citada pela escritora Rita Ferro. É da autoria de um terapeuta recentemente falecido mas cujo nome não apanhei (tenho uma memória muito selectiva).
Dizia a escritora Rita Ferro que, embora se considere uma pessoa assertiva e determinada, dificilmente conseguia dizer não a uma solicitação, fosse para o que fosse, mesmo que implicasse dizer sim a um convite menos convidativo. Dava como exemplo uma pessoa dela conhecida, uma quase amiga, tê-la convidado para apresentar um livro. Disse que sim. Finda a chamada apercebeu-se que tal convite implicaria ler o livro e fazer um pequeno discurso. Pelo menos iria perder um fim-de-semana a ler o livro e compor a apresentação e, depois, mais uma tarde na apresentação propriamente dita.
Volvidas algumas semanas o mesmo escritor pediu-lhe para fazer nova apresentação de um outro livro que havia acabado de publicar. Conseguiu dizer não.
Conseguir dizer não tornou-se cada vez mais premente. Exemplificava a escritora com um convite para dar uma palestra em Freixo de Espada a Cinta ou escrever um texto para uma revista, tudo à expensas da convidada, entenda-se.
É importante dizer não, para que o sim, quando dito, seja devidamente apreciado e considerado. Só assim terá valor.
E é preferível dizer não a um sim contrariado.
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