Não sou uma pessoa de números ou de contas.
Nunca fui e sei que nunca o serei.
Quando mo dão, raramente conto o troco.
Sempre tive um ódiozinho pela matemática e pelas equações e pelas somas, subtracções e divisões.
Felizmente, penso. E leio. E vejo o que se passa em meu redor.
Sem qualquer intuito de avaliar a política governamental, alguém me consegue esclarecer como é que Portugal vai conseguir ultrapassar a crise que os especialistas dizem estar instalada?
Os 13ºs e 14ºs meses foram cortados. Menos dinheiro, menos poder de compra. Menor poder de compra, menor facturação para as lojas (sejam elas o comércio da baixa ou as lojas do Tio Belmiro). Menor facturação e disparam as insolvências, o desemprego, a pobreza, a fome, o crédito malparado e a miséria.
E os impostos sobem. Os terríveis 23% vão começar a ser aplicados (que passam de taxas mais reduzidas para mais elevadas) até às batatas. Os restaurantes vão paulatinamente perder a clientela até que, finalmente, fecham as portas.
Agora vão querer cortar nos feriados. Depois cortam nos ordenados e nas deduções no IRS.
Só tenho 29 anos. Não passei pelo 25 de Abril. Não assisti à miséria que existia no tempo da ditadura. À fome, à falta de escolarização, ao medo.
Embora com licenciaturas, pós-graduações e mestrados, com plasmas e playstations, temo que passemos a ser um povo com demasiadas qualificações mas pouco sustento. Muitos bens materiais e pouco sentimento e motivação para trabalhar.
Daqui a uns anos, depois de esfolados e depenados, os que cá ficaram, - sim, porque acredito que haja muita gente que volte a emigrar, - talvez se consigam erguer. Mas para quê? Para quem? A crise pode ir-se embora, os "buracos" financeiros serem tapados mas, e a nossa identidade? A produtividade? A quantidade de empresas que se apresentaram à insolvência e que nunca mais recuperaram?
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