Só se pode dizer que se viajou quando verdadeiramente se contemplou o país.
Os prédios, as ruas, os bairros, os vilarejos e as cidades. Os lugares turísticos mas ainda, e sobretudo, os mais degradados e pobres que, em regra, quase ninguém quer mirar.
É comprar, ainda em Lisboa um guia e adormecer a lê-lo e sonhar com os monumentos e locais turísticos que irei visitar e chegar ao lugar e enxergar que são ainda mais admiráveis do que concebia.
É alimentar-me a mesma comida que os locais. Na tasca onde os gatos (e outros mamíferos que me escuso de identificar) comem as sobras de comida de outros clientes, do chão. Quando, esfaimada, como sentada na bordinha do passeio, géneros alimentares provenientes das roulotes que parecem brotar do chão. É comer mesmo sem saber o que se está a provar. É comer sem receio de que possa saber mal ou de que possa fazer mal ao trânsito intestinal.
É beber água da torneira. Não acredito em água engarrafada e nunca fiquei doente em viagem.
É pernoitar em qualquer sítio, sem marcação. Escrevo sobre hostels, hotéis, pensões que vêm aconselhadas em guias destinados a viajantes malucos e que custam uma média de 3 ou 4 euros. Sim, daqueles em que tenho que fazer a cama, e em que não existe casa-de-banho, em que existe a possibilidade de no mesmo quarto dormirem várias pessoas e em que o mixuruco pequeno-almoço se paga à parte.
É andar de transportes públicos, - e o que me custa largar o carro em Lisboa, - só para poder contemplar as pessoas, amontoar os bilhetes de ingresso para mais tarde recordar. Andar nas carruagens só para mulheres (como no Egipto) e poder olhar e rir-me para elas. Andar de táxi (um transporte público de gente rica) só para fazer conversa com o chauffeur e poder falar uma língua estrangeira e articular uma palavras em línguas muito diferentes da nossa.
É fazer tudo o que locais fazem. Há sempre um costume que pode ser adoptado, como um passeio antes do jantar rente ao rio Nilo. Um festejo ou um feriado que pode ser celebrado.
É conviver, conversar e conhecer as pessoas.
Bem, quando vamos para o Ritz?
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