quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Boka de Santo

E da mesma forma que critico o fraco atendimento e a comida pretensiosa e, necessariamente, má, também teço elogios aos restaurantes onde sou bem atendida, onde gosto de estar, onde como manjares absolutamente deliciosos!
Ontem fui ao Boka de Santos, na Rua S. João da Mata (mesmo ao pé de casa).
O restaurante é da Isabel, uma amiga de muitos anos (minha e da familía), com um coração e sorriso enormes e uma verdadeira mestre da culinária! Ainda me lembro da mousse de chocolate branco que comi há já largos anos...
Ontem reencontrei a Isabel à porta do talho. Lá me contou que abriu um restaurante e tive que ir lá dar uma espreitadela e "degustadela".
Entrada: Pratinho saloio (pão, queijo de niza e enchidos);
Prato: Frango recheado com farinheira (pour moi...e era absolutamente divinal) e bife frito para o muchacho;
Sobremesa: Cheesecake
Tudo regado com uma fresca sangria com um travo a aniz.
Resumindo, comida excelente em doses generosas, atendimento simpático (com o João), música e espaço muito agradáveis.
Aqui fica uma fotografia do espaço! Gostei muito e é seguramente um restaurante a visitar mais vezes!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MEC no seu melhor!

A mulher portuguesa não é só Fada do Lar, como Bruxa do Ar, Senhora do Mar e Menina Absolutamente Impossível de Domar. É melhor que o Homem Português, não por ser mulher, mas por ser mais portuguesa. Trabalha mais, sabe mais, quer mais e pode mais. Faz tudo mais à excepção de poucas actividades de discutível contribuição nacional (beber e comer de mais, ir ao futebol, etc). Portugal (i.e., os homens portugueses) pagam-lhe este serviço, pagando-lhes menos, ou até nada.

O pior defeito do Homem português é achar-se melhor e mais capaz que a Mulher. A maior qualidade da Mulher Portuguesa é não ligar nada a essas crassas generalizações, sabendo perfeitamente que não é verdade. Eis a primeira grande diferença: o Português liga muito à dicotomia Homem/Mulher; a Portuguesa não. O Português diz «O Homem isto, enquanto a Mulher aquilo». A Portuguesa diz «Depende». A única distinção que faz a Mulher Portuguesa é dizer, regra geral, que gosta mais dos homens do que das mulheres. E, como gostos não se discutem, é essa a única generalização indiscutível.

A Mulher Portuguesa é o oposto do que o Homem Português pensa. Também nesta frase se confirma a ideia de que o Homem pensa e a Mulher é, o Homem acha e a Mulher julga, o Homem racionaliza e a Mulher raciocina. E mais: mesmo esta distinção básica é feita porque este artigo não foi escrito por uma Mulher.

Porque é que aquilo que o Homem pensa que a Mulher é, é o oposto daquilo que a Mulher é, se cada Homem conhece de perto pelo menos uma Mulher? Porque o Português, para mal dele, julga sempre que a Mulher «dele» é diferente de todas as outras mulheres (um pouco como também acha, e faz gala disso, que ele é igual a todos os homens). A Mulher dele é selvagem mas as outras são mansas. A Mulher dele é fogo, ciúme, argúcia, domínio, cuidado. As outras são todas mais tépidas, parvas, galinhas, boazinhas, compreensíveis.

Ora a Mulher Portuguesa é tudo menos «compreensiva». Ou por outra: compreende, compreende perfeitamente, mas não aceita. Se perdoa é porque começa a menosprezar, a perder as ilusões, e a paciência. Para ela, a reacção mais violenta não é a raiva nem o ódio – é a indiferença. Se não se vinga não é por ser «boazinha» – é porque acha que não vale a pena.

A Mulher Portuguesa, sobretudo, atura o Homem. E o Homem, casca grossa, não compreende o vexame enorme que é ser aturado, juntamente com as crianças, o clima e os animais domésticos. Aturar alguém é o mesmo que dizer «coitadinho, ele não passa disto…» No fundo não é mais do que um acto de compaixão. A Mulher Portuguesa tem um bocado de pena dos Homens. E nisto, convenhamos, tem um bocado de razão.

O que safa o Homem, para além da pena, é a Mulher achar-lhe uma certa graça. A Mulher não pensa que este achar-graça é uma expressão superior da sua sensibilidade – pelo contrário, diverte-se com a ideia de ser oriundo de uma baixeza instintiva e pré-civilizacional, mas engraçada. Considera que aquilo que a leva a gostar de um Homem é uma fraqueza, um fenómeno puramente neuro-vegetativo ou para-simpático – enfim, pulsões alegres ou tristemente irresistíveis, sem qualquer valor.

E chegamos a outra característica importante. É que a Mulher Portuguesa, se pudesse cingir-se ao domínio da sua inteligência e mais pura vontade, nunca se meteria com Homem nenhum. Para quê? Se já sabe o que o Homem é? Aliás, não fossem certas questões desprezíveis da Natureza, passa muito bem sem os homens. No fundo encara-os como um fumador inveterado encara os cigarros: «Eu não devia, mas.. » E, como assim é, e não há nada a fazer, fuma-os alegremente com a atitude sã e filosófica do «Que se lixe».
Homens, em contrapartida, não podiam ser mais dependentes. Esta dependência, este ar desastrado e carente que nos está na cara, também vai fomentando alguma compaixão da parte das mulheres. A Mulher Portuguesa também atura o Homem porque acha que «ele sozinho, coitado; não se governava». O ditado «Quem manda na casa é ela, quem manda nela sou eu» é uma expressão da vacuidade do machismo português. A Mulher governa realmente o que é preciso governar, enquanto o homem, por abstracção ou inutilidade, se contenta com a aparência idiota de «mandar» nela. Mas ninguém manda nela. Quando muito, ela deixa que ele retenha a impressão de mandar. Porque ele, coitado, liga muito a essas coisas. Porque ele vive atormentado pelo terror que seria os amigos verificarem que ele, na realidade, não só na rua como em casa não «manda» absolutamente nada. «Mandar» é como «enviar» – é preciso ter algo para mandar e algo ao qual mandar. Esses algos são as mulheres que fazem.

O Homem é apenas alguém armado em carteiro. É o carteiro que está convencido que escreveu as cartas todas que diariamente entrega. A Mulher é a remetente e a destinatária que lhe alimenta essa ilusão, porque também não lhe faz diferença absolutamente nenhuma. Abre a porta de casa e diz «Muito obrigada». É quase uma questão de educação.

A imagem da «Mulher Portuguesa» que os homens portugueses fabricaram é apenas uma imagem da mulher com a qual eles realmente seriam capazes de se sentirem superiores. Uma galinha. Que dizer de um homem que é domador de galinhas, porque os outros animais lhe metem medo?
Na realidade, A Mulher Portuguesa é uma leoa que, por força das circunstâncias, sabe imitar a voz das galinhas, porque o rugir dela mete medo ao parceiro. Quando perdem a paciência, ou se cansam, cuidado. A Mulher portuguesa zangada não é o «Agarrem-me senão eu mato-o» dos homens: agarra mesmo, e mata mesmo. Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão.

Miguel Esteves Cardoso, in ' A Causa das Coisas '

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Midnight in Paris

Acho que toda a gente gosta de ir ao cinema! E seguramente muita gente gosta do Woody Allen, tanto como actor, realizador ou guionista!
Para além do Woody (já somos tu cá, tu lá) como director/writer e dos bons actores, o filme revela algo que também creio que todos nós já pensámos/sonhámos.
E se nos fosse permitido viver em uma outra época? E sobretudo, porquê querer viver nessa outra época? Estamos insatisfeitos com a nossa vida? Ou simplesmente não "pertencemos" a este período?
Para mim, basta dar uma volta por uma qualquer feira/loja de antiguidades, assistir a um leilão, a um filme ou ouvir uma música para que, de imediato, sonhe com outras épocas!
Gostava de ter vivido nos anos 40, 50, 60! Gostava...pela música, pelos costumes, pela etiqueta, pelas roupas utilizadas, pelas hierarquias sociais criadas, por tudo!
Por alguma razão dizem que só gosto de música a preto e branco!

domingo, 25 de setembro de 2011

Almoço domingueiro


Um dos maiores prazeres é comer na companhia de bons amigos.
Farinheira quentinha...acabada de sair da frigideira (ainda queimava os dedos), queijo fresco e manchego, pão saloio, entremeada, febras, salsichas frescas, batata frita, salada de alface, sortido húngaro, gelado de after eight.
O tintol e as minis não faltaram.
Um domingo quentinho, a fazer lembrar o verão que não tivemos, receber presentes, conversas apalhaçadas a acompanhar o vinho, café a olhar para o rio, vozes esganiçadas a tentar imitar os grandes hits de tempos passados, dorminhocas barrigas empanturradas de boa comida.
Definitivamente, o bom que é comezainar na companhia de bons e velhos amigos!

Clementinas...muitas!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Escrito à mão

Tenho para mim que é uma pena ter caído em desuso a escrita de cartas de amor, de amizade, de ódio, de rancor ou mesmo com promessas de vingança!
Recordo com saudade os convites cheios de bonecos e folharecos que recebia para as festas de aniversário quando era catraia.
E aquele postalinho que agradece algo insignificante fica sempre tão mimoso e é tão, mas mesmo tão apreciado por quem o escreve e sobretudo por quem o recebe!
E ainda as cartas e postalinhos com promessas de amor...
Passámos para uma era virtual. Usamos o email, os sms, o facebook, o twitter, o whatsapp, tudo serve de meio de comunicação para namorar, flirtar, falar, prometer, convidar ou agradecer.
Há tradições que deviam ser obrigatórias....e estas são umas delas....eu vou tentando cumprir....como vocês bem sabem!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ele há coisa mais portuguesa?


Adoro loiça das Caldas da Rainha criada pelo Sr. Bordallo Pinheiro.
Em cima estão fotografadas as andorinhas! Um clássico da decoração e um básico em qualquer casa portuguesa que se preze!
Embora das Caldas, estas foram compradas em Viana do Castelo (imagine-se) e actualmente estão colocadas em Santos (onde mais podiam estar?).

Porque gosto de Lx, em especial dos bairros antigos # 2


Uma nesga do Tejo

Porque gosto de Lx, em especial dos bairros antigos # 1

Nascida na Clínica de S. Miguel em Alvalade, actualmente um lar para idosos, fui levada para um apartamento sito no Restelo onde vivi até aos três anos de idade, cresci na Madragoa/Lapa (freguesia de Santos-o-Velho), com breves estadias na Avª. João XXI e  na Nova Campolide e, finalmente voltei à casa onde cresci.
Crescer num bairro antigo ou histórico (como lhe queiram chamar) é um verdadeiro privilégio. Apenas para quem o sabe apreciar.
Existem desvantagens. A falta de estacionamento, a população envelhecida que atrai a ladroagem, as casas degradadas onde velhotes convivem com ratos e muita miséria.
Mas e as vantagens?
As vantagens de viver em Lisboa e, em especial, em Santos (como eu lhe chamo). Chamo a minha zona de Santos. Se chamar Lapa, sou uma pretensiosa. Se chamo de Madragoa, sou uma gaja do bairro. Díficil...mas para mim é Santos.
Bem...e as vantagens?
São inúmeras!
Casas antigas, bonitas, de tectos altos e divinamente trabalhados, salas amplas e brancas, chão de madeira corrida, pequenos quintais e jardinzinhos onde pululam passáros, corvos e o gato da vizinha, centenários azulejos azuis e brancos, varandas que se abrem para ruas concorridas e floridas, majestosas e altivas entradas dos prédios, o Tejo.
E a Vizinhança, toda aquela gente castiça. Aquela mescla de varinas, velhotas queixosas, tias da Lapa, beatas da Igreja, ricos, remediados e pobres.
Assim é Santos!

Porque gosto de Lx, em especial dos bairros antigos

terça-feira, 20 de setembro de 2011

The beginning

Há uns meses atrás decidi "abrir" um blog. Para além do título pavoroso, o conteúdo era mau, muito mau, mesmo! Decidi dar uma nova oportunidade a este cérebro que não pára de pensar e a estes dedinhos que querem muito voltar a teclar. Não prometo que não hajam futilidades...mas com contenção!